A humanidade condena<br> o bloqueio a Cuba

Miguel Urbano Rodrigues
Pela 12ª vez consecutiva a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou o bloqueio económico, financeiro e comercial imposto contra Cuba pelos Estados Unidos.
Comentando o facto de nunca tantos países (179) terem aprovado a resolução apresentada pelo governo cubano – que exige o fim imediato do bloqueio - o representante do Vietname sublinhou que a cada ano o repúdio pela política de sanções dos EUA contra a Ilha permite que na ONU seja estabelecido um novo Guiness.
O isolamento de Washington ficou transparente. Os EUA somente foram acompanhados na votação, tal como em 2002, por Israel, seu companheiro e cúmplice em múltiplos crimes, e por um país ficcional, as Ilhas Marshall. No tocante a abstenções, o Departamento de Estado apenas conseguiu comprar duas: a de Marrocos e a da Micronésia, parente das Ilhas Marshall.
Conforme salientou o diário «Granma», «os povos falaram e disseram basta!» A humanidade considera o bloqueio uma aberração monstruosa e essa evidência transpareceu dos discurso pronunciados pelos embaixadores de países com regime políticos muito diferentes.
A defesa do bloqueio pelo representante dos EUA foi pouco inteligente e semeada de mentiras.
Felipe Perez Roque, o ministro dos Estrangeiros de Cuba, contou 15 patranhas, citou-as e rebateu-as, uma por uma.
Por si, só a definição do bloqueio como problema bilateral entre os EUA e Cuba dá uma ideia do baixo nível do discurso do diplomata norte-americano.
Mas a burrice teve por complemento a grosseria. Na tentativa de justificar a política anti-cubana desenvolvida pelos últimos dez presidentes dos EUA, o representante do Departamento de Estado insultou Fidel Castro e chamou «maligno» ao regime de Havana.
Como era de esperar trouxe para a Assembleia o folhetim norte-americano sobre os direitos humanos e as liberdades em Cuba.
Mais do que chocante e hipócrita foi ridículo.
Que autoridade moral tem para desfraldar a bandeira da defesa dos direitos humanos um governo que surge perante a humanidade como o campeão mundial da violação dos direitos humanos? Isso quando o Iraque, invadido, bombardeado e saqueado, está a ser tratado pelas tropas norte-americanas de ocupação como um jardim zoológico de novo tipo.
Porventura Bush, Colin Powell e Rumsfeld acreditam que o plenário da Assembleia Geral da ONU perdeu a memória e esqueceu o que se passa em Guantanamo onde os prisioneiros são torturados, que esqueceu o saque e a matança de Kandahar, chacinas como a de Seberghan, onde cortaram as línguas aos prisioneiros, e outros crimes do exército dos EUA no Afeganistão, que lembram os das SS nazis?
É preciso uma boa dose de cinismo para dirigir à Assembleia Geral da ONU discursos como o pronunciado ali no dia 4 pp pelo representante do governo Bush.
A frieza com que foi recebido - contrastando com a ovação dispensada ao ministro cubano - traduziu a consciência da grande maioria de que a política externa desenvolvida por um sistema de poder de contornos neofascistas está orientada para a militarização da Terra, para uma ditadura planetária.

Os pontos nos ii

Perez Roque pôs os pontos nos ii, lembrando que o bloqueio, em mais de quatro décadas, já causou a Cuba, um pais pequeno e pobre, prejuízos superiores a 72 mil milhões de dólares, aproximadamente 1 600 milhões cada ano.
Exibiam rostos de funeral os membros da delegação norte-americana quando os resultados da votação apareceram no quadro electrónico da sala e Perez Roque e os outros cubanos começaram a receber felicitações.
Como aconteceu em anos anteriores, os grandes média norte-americanos esforçaram-se por retirar significado à esmagadora derrota infligida aos EUA, salientando que a Assembleia Geral da ONU não é um órgão executivo, pelo que a resolução aprovada não produzirá efeitos práticos.
Mas o governo Bush está consciente de que o prestígio de Cuba entre os povos saiu reforçado num momento em que esperava tirar dividendos da campanha de calúnias contra a Ilha, particularmente intensa na Europa.
A propaganda e a desinformação são impotentes contra factos indesmentíveis. Apesar do bloqueio, Cuba é o país da América Latina cujo Produto Interno Bruto cresceu mais nos últimos cincos anos. A pequena República é o único país a Sul do rio Bravo onde o analfabetismo foi erradicado, o de maior esperança de vida, uma sociedade com o mais baixo índice de violência do Hemisfério, onde não há praticamente drogados e a saúde e a educação são totalmente gratuitas.
O povo de Cuba voltou a demonstrar que é possível defender a Revolução, que se pode e deve RESISTIR ao monstruoso sistema de poder imperial que ameaça a Humanidade.


Mais artigos de: Temas

Sobre Constituições que ameaçam<br>e federalizações que avançam à revelia

Tendo participado num debate sobre «o futuro da Europa», promovido pelas Câmaras Municipais do Cartaxo e de Santarém, da intervenção de abertura ao debate retiro o que talvez seja oportuno trazer para «consumo interno» e não só.Estando a decorrer a CIG – Conferência Inter-Governamental –, que tem como documento de...